segunda-feira, 12 de agosto de 2013

2013!!! Um Salve para o Ser que se Libertou!



2013 tem sido um ano muito diferente dos demais.

As circunstâncias e os eventos inesperados me puseram frente a frente comigo mesma e nunca antes cheguei tão próxima do meu Ser. Olhei-me cara a cara, sem pudor, sem medo e pude ver bem no fundo da minha alma e pude sentir o meu próprio espírito flamejando e se debatendo por liberdade.

Embora, por toda minha vida, tivesse dedicado tempo e empenho pela busca do autoconhecimento sempre envolvendo mudanças e crendo estar agindo de forma evolutiva, sempre lapidando a psique, confesso que os resultados de "certa forma" satisfatórios não foram os mais esperados.

Apesar de saber que sócio-moralmente eu estava agindo producentemente, no íntimo a insatisfação remoia cada vez mais o meu coração. Cada vez mais me via exausta de encontrar pelo caminho da vida tanta gente podre e nojenta que só de lembrar da sua existência me causava náuseas.

Muitas vezes questionei sobre os frutos podres que colhi: "fui eu quem procurou tais resultados?"_"Devo estar mesmo pagando pelo que fiz em algum momento dessa ou de outra vida?"_"Nada é por acaso, será?"

Realmente, o fato de “nada ser por acaso” fez com que eu despertasse para a realidade e num insight tudo ficou muito claro: Hora de fazer as devidas mudanças que tanto neguei em mim mesma. Não sou a garotinha boa e chorona que todos podem fazer o que querem, ao contrário, sou uma mulher poderosa e destemida, independente e muito capaz de realizações.

Óbvio que, durante a vida toda, havia me anulado mais por causa dos erros alheios do que pelos meus próprios erros. Então me fiz uma última pergunta: "se estou pagando por algo que eu tenha feito, por que esses idiotas não podem pagar também?

Em resposta vi que era hora de tirar a carcaça do personagem bonzinho e mostrar quem realmente  sou."

Claro que eu não sou a Madre Tereza de Calcutá, nem Mahatma Gandhi, tão pouco uma religiosa pregando paz e amor ao próximo enquanto o apunhá-la pelas costas. Quanto ao carma, que se dane o carma, adianta muito agir friamente e mau-caráter com as pessoas a sua volta e depois, por horas a fio, recitar um mantra só pra dizer que está fazendo mudanças e limpando a alma. (Faz-me rir)

Enfim, o primeiro trimestre de 2013 foi o que mais retalhou minhas diretrizes psicocomportamentais, já o segundo trimestre me lançou no abismo diante de mim mesma permitindo, pela primeira vez, que eu pudesse conhecer quem Sou na íntegra, nua e cruamente sem qualquer resquício de pseudo-ética moral.

Agora, no terceiro trimestre, dou por iniciada uma nova fase onde esse “Eu” ocultado e negado por tanto tempo encontra-se liberto para alçar vôos arrasantes e lançar no inferno todo idiota que se atrever a atravessar o meu caminho.

Assim, 2013 deixou de ser um ano ruim e, como previsto em 2010, tornou-se o ano mais importante da minha vida onde “certamente” o quarto trimestre será “brindado” com uma bela taça de champagne na passagem para 2014.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Pedaços de Mim!

Eu sou feito de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feito de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante

Já tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas

Muitas vezes eu desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.
Martha Medeiros

terça-feira, 16 de julho de 2013

Alienação!



Na alienação o sujeito é confrontado com uma escolha forçada, pois não pode escolher não ser um sujeito, não pode optar por ficar fora da linguagem. Sendo assim, o sujeito escolhe forçadamente o sentido, o significante, a divisão. Ao abordar a questão da escolha, Freud (1913) estudou a “escolha da neurose”, expressão que, segundo Lacan (1946), não é acertada por não haver para o sujeito uma alternativa, pois algo é a priori determinado pela estrutura e a qual ele traduz por “insondável
decisão do ser”. Ao tratar do tema, Lacan aponta para a “escolha forçada” como aquela na qual o sujeito não é dotado do livre arbítrio esperado, uma vez que esta se remete a uma força ininterrupta que o atinge, deixando-o sem escapatória.
Através da metáfora, “a bolsa ou a vida”, Lacan (1964) deixa claro que ao realizar uma escolha perde-se inevitavelmente outra, o que acaba por ratificar a ideia de que toda escolha é necessariamente perdedora. O essencial dessa primeira escolha é que por meio da perda introdutória e estrutural algo pode ser exprimido através de uma reedição.
Na tentativa de ilustrar a operação de alienação, Lacan (1964) emprega a estrutura do vel, assertiva da lógica matemática, asseverando que o vel da alienação demarca uma escolha cujo atributo depende de que, em uma reunião de componentes, haja um elemento que em decorrência da escolha promova o seguinte produto: “nem um, nem outro”. Em suas palavras: “Escolhemos o ser, o sujeito desaparece, ele nos escapa, cai no não-senso — escolhemos o sentido e o sentido só subsiste decepado dessa parte de não-senso que é, falando propriamente, o que constitui a realização do sujeito, o inconsciente”. (idem, ibidem, p.200).

Juli Travassos Galina (Ficção e Fixação: A amarração da Fantasia a Repetição)

Lágrimas de Crocodilo!



Você já deve ter escutado a expressão "lágrimas de crocodilo" em referência a alguém que chora, indicando que o choro é fingido, falso ou hipócrita. Mas por que se diz isso? Será que os crocodilos choram, mesmo?

De acordo com o professor Ari Riboldi, em seu livro O Bode Expiatório, a origem da expressão é biológica. Mas não tem a ver com fingimento.
Quando o crocodilo está digerindo um animal, a passagem deste pode pressionar com força o céu da boca do réptil, o que comprime suas glândulas lacrimais. Assim, enquanto ele devora a vítima, caem lágrimas de seus olhos.
São lágrimas naturais mas obviamente não significam que o animal se emocione ou sinta pena da sua presa. Daí vem a expressão "lágrimas de crocodilo", querendo dizer que, embora a pessoa chore, suas lágrimas não significam que ela esteja sofrendo, e muitas vezes são mesmo apenas um fingimento.


terça-feira, 9 de julho de 2013

A Última Folha!

Última Folha Musa, desce do alto da montanha
Onde aspiraste o aroma da poesia,
E deixa ao eco dos sagrados ermos
A última harmonia.

Dos teus cabelos de ouro, que beijavam
Na amena tarde as virações perdidas,
Deixa cair ao chão as alvas rosas
E as alvas margaridas.

Vês? Não é noite, não, este ar sombrio
Que nos esconde o céu. Inda no poente
Não quebra os raios pálidos e frios
O sol resplandecente.

Vês? Lá ao fundo o vale árido e seco
Abre-se, como um leito mortuário;
Espera-te o silêncio da planície,
Como um frio sudário.

Desce. Virá um dia em que mais bela,
Mais alegre, mais cheia de harmonias,
Voltes a procurar a voz cadente
Dos teus primeiros dias.

Então coroarás a ingênua fronte
Das flores da manhã, — e ao monte agreste,
Como a noiva fantástica dos ermos, 

Irás, musa celeste!

Então, nas horas solenes
Em que o místico himeneu
Une em abraço divino
Verde a terra, azul o céu;

Quando, já finda a tormenta
Que a natureza enlutou,
Bafeja a brisa suave
Cedros que o vento abalou;

E o rio, a árvore e o campo,
A areia, a face do mar,
Parecem, como um concerto,
Palpitar, sorrir, orar;

Então sim, alma de poeta,
Nos teus sonhos cantarás
A glória da natureza,
A ventura, o amor e a paz!

Ah! mas então será mais alto ainda; 

Lá onde a alma do vate
Possa escutar os anjos,

E onde não chegue o vão rumor dos homens;

Lá onde, abrindo as asas ambiciosas,
Possa adejar no espaço luminoso,
Viver de luz mais viva e de ar mais puro,
Fartar-se do infinito!

Musa, desce do alto da montanha
Onde aspiraste o aroma da poesia,
E deixa ao eco dos sagrados ermos
A última harmonia!

Machado de Assis, in 'Crisálidas'

A Musa Venal!

Musa do meu amor, ó principesca amante,
Quando o inverno chegar, com seus ventos irados
Pelos longos serões, de frio tiritante,
Com que hás-de acalentar os pésitos gelados?

Tencionas aquecer o colo deslumbrante
Com os raios de luz pelos vidros filtrados?
Tendo a casa vazia e a bolsa agonizante
o ouro vais roubar aos céus iluminados?

Precisas, para obter o triste pão diário,
Fazer de sacristão e de turibulário,
Entoar um Te-Deum, sem crença nem favor,

Ou, como um saltimbanco esfomeado, mostrar
As tuas perfeições, através d'um olhar
Onde ocultas, a rir, o natural pudor!

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães

Poesia por Acaso!

Sem inspiração
estou agora.
Tento atiçar a imaginação
mas ela demora.
Não consigo pensar em algo
que faça rimas.
É como querer acertar o alvo
com a flecha apontada para cima.
Não acho um bom assunto
que se organize bem em versos.
Mesmo sabendo que no mundo
há mil assuntos diversos.
Que coisa chata,
não consigo imaginar.
Isso quase me mata,
porque é horrível não poder pensar.

Mas espere um momento,
mesmo não tendo um tema,
se estas frases vou relendo,
vejo que é um poema!
Clarice Pacheco